domingo, 11 de fevereiro de 2007

Finalmente pelo sim!

Longa foi a caminhada entre argumentos do sim e argumentos do não. Cheguei a imaginar algum esquema, alguma conspiração no referendo, por este parecer, não poucas vezes, tão destituído de sentido (lógico e/ou prático), pois se não somos nós a decidir, porquê nos dão este doce? Vamos votar pela despenalização da lei regente ou pela liberalização do aborto? Os argumentos (por vezes, patéticos, sem senso-comum, ilógicos - e abomino completamente meios de campanha que envolvam imagens chocantes. Chega a ser tão selvagem, como querem demonstrar que o aborto o é. Porém, o caminho não tem de ser por aí.) ora são por um, ora são por outro. Embora nos últimos dias, as campanhas pelo sim tenham sido contra a penalização e marginalização (ainda não percebi muito bem como esta marginalização se projecta, mas tudo bem) das mulheres que abortam e as campanhas pelo não, pelo direito à vida.
Pois eu sou toda pelo direito à vida, sem dúvidas, sem hesitações! Mas a verdade é que não posso voltar as costas a este problema de as mulheres abortarem sem condições. Bem sabemos que a lei prevê situações onde é mais do que legítimo abortar, mas esquece-se de outras situações que não podemos ignorar: a falta de recursos económicos e o famoso mito de "ter relações sexuais com preservativo é como comer um rebuçado com plástico".
É verdade que há muito trabalho de fundo a fazer em relação a isso. Temos de desmistificar essas ideias. Temos de promover campanhas de sensibilidade anticoncepcional. Fazer pela educação sexual, como dizia a Hera num dos seus comentários.
Mas nada disso nos é dado a votar. Agora é altura de votar, não no prevenir, mas no remediar. Agora é altura de concordar ou não com apoios médicos legais, com a libertação da mulher de penas de prisão. Agora é altura de pensar no "agora?" das mulheres que se vêem sem alternativa, quer por uma razão legítima ou não! Agora é altura de pensar nelas...em nós, mulheres!Por isso voto SIM!
E quando tudo estiver ultrapassado, quando tudo acabar, quando tudo estiver feito para as mulheres que abortam, elas próprias sentirão na pele, não a penalização física de se poder ser julgada por optar pelo aborto, não a penalização social, por se sentirem marginalizadas, mas a penalização mental e psíquica por serem mães que sufocaram os próprios filhos enquanto estes só dela podiam depender. E isso, acreditem, é penalização que chegue e sobre para toda a vida!!!!!!

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