segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Agora sim podemos seguir em frente!...Ou ainda não?

Já está. Depois do sim, resta-nos voltar à nossa vidinha e esquecer, como diz o Prof. João César Neves, a nulidade dos esforços, representados nos cartazes esquecidos na rua...
Após semanas de intensa campanha tanto pelo sim, como pelo não, chegámos estafados à noite do referendo e vivemos com cansaço de velhos o dia pós-despenalização do aborto. Seja lá o que isso signifique.
De facto, já não sei o que significa o quê. E agora no fim de tudo, as dúvidas persistem como carraças numa pele velha.
O que significa uma percentagem tão alta de abstenção?
O que significa uma percentagem tão alta de votos pelo sim de jovens até aos 35 anos?
Quais e para quando as mudanças do pós-referendo?
Como fica agora a ética dos médicos? Muda também com o referendo ou mantém-se?
Quais os esforços feitos ou a serem feitos a nível de planeamento familiar e de apoio a mulheres grávidas?
Deixaremos as clínicas espanholas ocuparem espaço nacional para poderem praticar aqui o que antes faziam lá?
Porquê se ouve tanto agora "o referendo não é juridicamente vinculativo" e antes do referendo não se ouvia?

É preciso pensar nisso. É preciso fazer mais alguma coisa.
Mas depois de tão intensa corrida, que nos fez esquecer os trabalhos medíocres, as contas para pagar, os orçamentos de estado, as OPA's e etecetera quotidianos, voltamos, de novo, a lembrar-nos destes problemas, esquecendo um pouco a democracia directa, as mulheres e os abortos.
É a vida.
E ela sempre continua.
Apesar de uma ou outra interrupção voluntária.

2 comentários:

  1. Votei para salvar vidas. Vidas indefesas. Podem chamar-me tudo: patética, conservadora, decadente, radical… A atracção pela morte é que é, sim, um dos sinais da decadência desta sociedade. Um verdadeiro recuo civilizacional.
    E, sim, sou conservadora, radical. Em relação a questões como a Vida, sou-o. E sê-lo-ei sempre… defendendo o Outro… defendendo os mais fracos.

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  2. Subscrevo algumas palavras da Clio.

    Votei para salvar os mais fracos, que não pediram para ser concebidos.

    Eu não sou conservadora, nem radical, nem de direita, nem de esquerda, nem de extremos. Sou alguém que se recusa a contribuir para uma política de opressão dos mais fracos e de favorecimento da desresponsabilização pura e dura.

    Como Matilde de Sousa Franco afirmou - uma senhora de esquerda, senhores! -, isto é um retrocesso civilizacional. Moderno é defender a vida! Moderno é respeitar quem ama a vida! Moderno é sermos responsáveis! Moderno é abrirmos os olhos e sabermos defender-nos do que não desejamos!

    O retrocesso está nisto: não se vai atacar as causas do problema; vai-se continuar a ter o problema, cada vez mais multiplicado e banalizado como uma prática contraceptiva de desresponsabilização que mata um inocente e prejudica a saúde das mulheres, mesmo que seja feita num hospital limpinho pelo melhor médico do mundo.

    É criminoso matar um inocente. É criminoso dizer às mulheres que o aborto num hospital não é prejudicial à sua saúde.

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