Nevoeiro
QUINTO / NEVOEIRO
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer —
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!
Valete, Frates.
Fim
de "Mensagem"
Fernando Pessoa
Hoje o cenário reporta-me a este poema, a vista do Tejo é nublada. O trabalho surte lânguido como a bruma que envolve a capital neste dia. E Fernado Pessoa sabe bem em qualquer altura.
Oscula
Que o sol continue a brilhar em nossos corações, apesar dos nevoeiros da vida.
ResponderEliminarBe happy!
De facto, o drama do Homem tem sido muitas vezes este:
ResponderEliminar"Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro."
Obrigada por me relembrares este poema.
A chuva intensa traz inspiração. Hoje, ao ver rios minúsculos a descer pelas estradas, junto aos passeios, com muito cuidado, para não pôr o pé na poça, imaginei que por perto - se a chuva não parasse - haveria rãs e girinos junto à corrente e peixinhos que se tivessem soltado de um aquário, riacho ou tanque que transbordasse.
Obrigada pelo raio de luz que a Clio fez despontar neste post nublado e pela bela imagem fluvial que a Hera nos suscitou. É isto que torna o blog um local tão agradável, há sempre coisas novas e fantásticas a notar e a partilhar com os outros.
ResponderEliminarOscula