AINDA ACONTECE EM PORTUGAL!
António Lopes adiantou que os três agentes policiais elaboraram um auto no qual afirmam terem apreendido os livros por terem imagens pornográficas expostas publicamente. O quadro do pintor oitocentista - tido como fundador do realismo em pintura - expõe as coxas e o sexo de uma mulher, sendo, por isso, a sua obra mais conhecida. Pintado em 1866, está exposto no Museu D'Orsay em Paris. Em declarações à Lusa, António Lopes manifestou-se «indignado» com a atitude da PSP: «isto é uma vergonha, um atentado à liberdade», afirmou. O empresário é um dos sócios da distribuidora 'Inovação à Leitura', de Braga, organizadora da Feira do Livro em Saldo e Últimas Edições, que está a decorrer, até ao dia 8 de Março, na Praça da República - vulgo Arcada - no centro de Braga. Segundo os especialistas, Gustave Courbet era já um pintor «conhecido em França pela sua destreza técnica mas sobretudo pela sua atitude crítica e corrosiva em relação à sociedade burguesa, que não perdia ocasião de afrontar». Courbet, um socialista convicto, ao representar frontalmente as coxas e o sexo de uma mulher, com o quadro 'A Origem do Mundo' abalou profundamente o meio artístico, tendo a sua exposição pública sido proibida na época. Lusa / SOL O quadro é particularmente realista, mas vem suscitar a velha questão: quando é que a nudez é arte ou pornografia? A representação do corpo nu continua a ser um tabu, apesar do desnudamento a que assistimos na publicidade, televisão, cinema, imprensa escrita, etc. A censura manifesta-se quando se mostra claramente o último reduto do nu, que ainda conserva a totalidade do tabu: os órgãos genitais. Os seios femininos já surgem amplamente em genéricos de telenovelas (as portuguesas têm um particular gosto por isso), mas expor órgãos genitais é atentar contra tudo! A sociedade judaico-cristã apagou os falos das nossas vidas, deixou de haver o culto a divindades da fertilidade, desapareceram os nossos bem-dispostos priapos para darem lugar aos castos espantalhos. Enfim, tentou-se eliminar os símbolos da sexualidade que eram naturais para as culturas clássicas, e o homem procurou esses símbolos na mesma, ainda que de forma velada. Não estou a defender a exposição ostensiva de elementos sexuais, mas sim que a sociedade encare com maior naturalidade e menos tabu tudo o que está associado à sexualidade. Assim não teremos polícias que apreendem livros de arte! Oscula
Pois... A liberdade de expressão, verbal ou artística, está a tornar-se uma manobra perigosa neste país que se diz de liberdade e de democracia.
ResponderEliminarMas a Polícia não tem nada de realmente importante para fazer ou apreender, a não ser uns livros com um quadro de uma vagina na capa?
Bem... Ou será a ignorância de quem foi influenciado pelo título escrito na capa, "Pornocracia", intuindo que seria uma espécie de pornografia?
Tão grande é a hipocrisia! Se a pornografia realmente incomoda e faz mal à sociedade, comecem também a apreender todo o tipo de material pornográfico que se vende por aí...
Tanto alarido por uma vagina na capa e por um título que induz em erro muitos leigos...