Crepúsculo
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Também este crepúsculo... Também este crepúsculo nós perdemos.
Ninguém nos viu hoje à tarde de mãos dadas
enquanto a noite azul caía sobre o mundo.
Olhei da minha janela
a festa do poente nas encostas ao longe.
Às vezes como uma moeda
acendia-se um pedaço de sol nas minhas mãos.
Eu recordava-te com a alma apertada
por essa tristeza que tu me conheces.
Onde estavas então?
Entre que gente?
Dizendo que palavras?
Porque vem até mim todo o amor de repente
quando me sinto triste, e te sinto tão longe?
Caiu o livro em que sempre pegamos ao crepúsculo,
e como um cão ferido rodou a minha capa aos pés.
Sempre, sempre te afastas pela tarde
para onde o crepúsculo corre apagando estátuas.
NERUDA, Pablo. Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada, 12.ª edição, tradução de Fernando Assis Pacheco, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2003; pp. 37, 39.
O crepúsculo é um momento único do dia... Misterioso, mágico, às vezes melancólico... romântico...
ResponderEliminarBelo poema do Pablo Neruda!
Obrigada por este poema, Hera.
ResponderEliminarNão conheço muito (ou mesmo nada, para ser sincera) do Pablo Neruda...
A imagem, porém, cativou-me ainda mais... é que o sol é um girassol...e parece ter olhos e um sorriso aberto... ou é just my imagination?
Bela escolha!
Fico contente por apreciarem tanto como eu o Pablo Neruda... É um poeta que me ficou mesmo marcado, a ferro e fogo... E ainda há tanto dele que eu não conheço...
ResponderEliminarDe facto, a imagem é curiosa: o sol bate de tal maneira na flor, no girassol, que parece que a rasga... Ou a flor já estaria meio dilacerada e é por isso que se vê um pedaço do sol através dela.
Em breve, hei-de ver se ponho aqui mais umas coisas bonitas do Pablo Neruda.
Beijinhos a todos.