terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Entre a vida e a religião


Hoje recebi uma notícia muito triste e complicada... Infelizmente mais um caso de vida entre tantos casos semelhantes.

A vizinha da loja onde trabalho é uma senhora muito querida e bem-disposta, de sorriso jovial.
Agora perdeu o riso.
Mal a vejo.
Nunca vem abrir a loja dela.

Hoje soube, através de uma cliente dela, que tinha perdido a filha.
Esta tinha ido para a maternidade ter o seu bebé, mas as coisas complicaram-se após o parto. O bebé estava bem, mas a sua mãe precisava de uma transfusão de sangue para recuperar, coisa que a família não aceitou, por serem todos testemunhas de Jeová. Assim, a jovem mãe, a filha da minha vizinha, faleceu...

Como é possível que a religião possa interferir nestes assuntos de vida ou morte?
Por mais respeito que tenha à senhora e à sua família, bem como às suas opções de vida, não posso entender, não consigo imaginar, como se pode sequer desenhar este cenário num quadro de vida humana.
Eu como mãe, lá ia pensar se a minha religião permitia ou não receber sangue doutrém? Eu queria era que a minha filha sobrevivesse, custasse o que custasse, doesse a quem doesse ...

Além disso, não conhecem os Jeovás Jesus Cristo? Não sabem o quanto ele foi e é pela vida e pelo amor? Se receber sangue de outra pessoa os torna impuros, não sabem que Jesus tudo perdoa ainda para mais se é em nome do amor e da vida??!!...

Tento entrar na cabeça dessas pessoas e compreender. Será que alguma vez pensaram que tinham escolha? Ou a escolha apareceu-lhes logo feita, não considerando sequer outra possibilidade? Não sentirão agora remorsos por terem decidido sobre a morte da filha? Não saberão agora que tinham opção?...
Como se lida com isso?...

Esta é uma estranha forma de viver...

Esta é uma estranha forma de amar...



2 comentários:

  1. De facto também não compreendo essa proibição imposta pela seita das testemunhas de Jeová... Basta colocarmo-nos no lugar de Jesus e pensar no que quereria Ele... Que a Sua irmã vivesse, claro!

    Mas são religiões... diferentes... Não as compreendemos, mas há que respeitá-las...

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  2. Bom dia!

    Li com toda a atenção o post da Ariadne e quero dizer-vos algumas coisas que sei sobre a religião das testemunhas de Jeová. Respeito a religião delas, as opções, o modo de vida, os pensamentos que tenham, no entanto, como em muitas outras religiões, há coisas que certamente deveriam ser mudadas. As religiões devem evoluir e crescer na sua mentalidade, penso eu. Não podem ficar paradas no tempo em que surgiram. Enfim, isto daria pano para mangas, para uma longa discussão...

    As testemunhas de Jeová não aceitam sangue de outras pessoas, nem dão sangue delas a outras pessoas. A religião delas proíbe e de certeza que tem a ver com qualquer interpretação que fazem de algum texto da Bíblia. Além disso, também não comem alimentos que sejam feitos com sangue de animais, como chouriço de sangue, morcelas, sarrabulho, cabidela... Para eles o sangue é algo de muito sério e sagrado e entendm que Deus não quer desperdícios, nem misturas entre os sangues das diferentes criaturas. É qualquer coisa assim, não compreendo totalmente...

    Portanto, não dão sangue, nem podem fazer transfusões.

    Quanto à negação de comerem alimentos feitos com sangue de animais, isso nem tem consequências nenhumas. Agora, quando está em risco a vida de pessoas, a religião deles mantém-se inflexível e isso deveria ser mudado. Morreu uma pessoa, porque não podia receber sangue. Também acredito que Deus é vida e é amor e não quer que os Seus filhos morram "por dá cá aquela palha"... Este é um pormenor em que a religião deles deveria evoluir, para evitar estes dramas fatais.

    A própria religião católica já evoluiu um pouco ao deixar de condenar o uso do preservativo (há pouco tempo)e ainda tem de evoluir mais. Por exemplo, em deixar de discriminar os homossexuais.

    Outra coisa: as testemunhas de Jeová também conhecem, amam e veneram Jesus Cristo. Eles são cristãos como nós. Mas há diferenças fundamentais: enquanto nós, católicos, nunca empregamos e nunca usamos o nome de Deus, por ser muito sagrado e por medo de não o respeitarmos e o dizermos em vão, como menciona a Bíblia, - e alguns nem conhecerão, de tal modo é escondido! - as testemunhas de Jeová empregam-no e dizem-no com orgulho e alegria, pois sentem que não o desrespeitam, nem o dizem em vão. O nome de Deus, o Deus dos cristãos, é Jeová. E eles têm tanto gosto em usar o nome de Deus, que se designam "testemunhas de Jeová".

    Eles lêm a mesma Bíblia que os católicos, mas interpretam-na de modo diferente em várias coisas.

    Há mais diferenças: não usam imagens de Jesus Cristo, porque acham que não se deve adorar objectos; nem veneram santos, nem anjos, pois consideram isso pagão. Não comemoram o Natal, porque não se sabe a data exacta do nascimento de Jesus Cristo...

    Enfim, de facto, têm modos de vida diferentes e que eu respeito, porém, quando a vida de alguém está perigo, não faz sentido manter uma convicção com a qual nada se ganha...

    E convicções destas deve haver em quase todas as religiões.

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