sábado, 6 de janeiro de 2007

Poema dos olhos da amada

Ó minha amada
Que olhos os teus
São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe nos breus...
Ó minha amada
Que olhos os teus
Quanto mistério
Nos olhos teus
Quantos saveiros
Quantos navios
Quantos naufrágios
Nos olhos teus...
Ó minha amada
Que olhos os teus
Se Deus houvera
Fizera-os Deus
Pois não os fizera
Quem não soubera
Que há muitas eras
Nos olhos teus.
Ah, minha amada
De olhos ateus
Cria a esperança
Nos olhos meus
De verem um dia
O olhar mendigo
Da poesia
Nos olhos teus.
(Vinicius de Moraes)

2 comentários:

  1. Há olhos que recordaremos para sempre.

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  2. Os olhos, canais de percepção e descodificação da realidade e portas de acesso para o nosso mundo interior. Basta um olhar para que o nosso coração dispare ou para que a turbulência que nos agita se acalme.
    O poder do olhar é indiscritível.
    Oscula

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