segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Meu Porto de Graal


EDWARD BURNE-JONES
The Dream of Launcelot at the Chapel of the San Graal
1895 - 1896
Oil on canvas
54
1/4 x 66 1/2 inches (138 x 169 cm)
Southampton City Art Gallery, Southampton, England
Added 9/24/2001


O meu Porto de Graal

São negros os meus queixumes,

São tão longos e tão breves

Os longos olhos distantes,

Dos amigos dos amantes,

E outros tantos nunca antes vistos;

São discursos, são ministros sinistros são

Quem são, afinal?

Quanto tempo,

Quanto tempo a esperar a hora,

Quanto tempo mais, meu amor,

Meu povo à beira mar e cal,

Basta de lamento

Viva Portugal, viva Portugal.

Esta noite vou cobrir-me

Com o xaile de minha mãe

Que já morreu,

À mesma hora acender o braseiro

E rezar e cantar com a voz

Que Deus me deu:

“Ai Mouraria da velha rua da Palma,

Onde eu um dia deixei presa a minha alma”

Quando a hora tardia chegar,

Todas as coisas vão mudar de lugar

Para sempre a teu lado

Meu amor, meu amor

Meu país

Minha mãe, minha avó

Minha raiz

Minha mãe, minha avó

Minha matriz

Meu só-li-dó

Meu filho que quis

Sonhos de alvoroços

Na madrugada em espuma

Desfaço-me a teus pés, meu Graal

Viva Portugal,

O meu Porto de Graal





Reparem na maravilha deset poema de Dulce Pontes do seu último álbum...


Parece Fernando Pessoas...


Muitos beijinhos...


esta foi uma das minhas grandes prendas de Natal vindas de Portugal e pedida por mim próprio...

3 comentários:

  1. É lindo, Narcisus... Como é bom haver músicas e canções, cantores e compositores, poetas e prosadores, que nos fazem maravilhar, extasiar, elevar...! Que nos fazem felizes!

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