segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Agruras do Natal


Anda um tipo o ano todo a cortar nas jantaradas e nos bares, que o vencimento é curto e a porra do euromilhões só sai aos outros, para chegar a esta época e ser compelido a desbaratar as economias em gravatas que ninguém vai usar nunca e em cangalhada para a miudagem destruir até ao dia de Ano Novo. Para além de que nunca se atina com os presentes certos, pelo menos a avaliar por aqueles que nos dão e que terminam inevitavelmente na gaveta do fundo da cómoda, à espera da primeira oportunidade de serem recambiados para presentes à porteira ou ao Sousa contabilista, que nos ajuda a aldrabar a declaração de IRS.
Temos ainda os intermináveis almoços e jantares de Natal. Lá a comida ainda escapa, apesar de andar sempre à volta do mesmo. Agora a seca é aturar aquela maralha de primos da província e tias caquéticas que abancam por ali a noite inteira a moer-nos o juízo, com ridículas histórias de infância que não nos interessa nada ver reproduzidas. Isto para não falar dos guinchos das criancinhas que, não sei por que raio de lei, ficam naqueles dias amnistiadas de levar os necessários tabefes correctivos.
E para não falar das músicas do jingle bells tocadas sem cessar em centros comerciais abafados e apinhados de lorpas a gastarem o que não têm com um sorriso idiota nas trombas.
Pior só mesmo o almoço de Natal da empresa em que todos temos de mostrar os dentes a todos os que nos andaram a sacanear o ano inteiro.
Só agora compreendo porque é que se deseja aos amigos um «Bom Natal». É que é mesmo preciso muita sorte para sair vivo desta seca!
Num mínimo divertido este artigo de Manuel Ribeiro, um economista que escreve no DN, a respeito da época natalícia.

2 comentários:

  1. Foi, de facto, um gosto ler este divertido artigo. Concordo que em pouco tempo a miudagem destrói os brinquedos que lhes oferecemos, mas ninguém me tire a alegria que sinto ao ver o meu sobrinho abrir com um sorriso cintilante os presentes; podemos receber presentes de que não gostamos... Mas que importa isso? Preferiríamos entregar uma lista dos nossos desejos aos nossos familiares e amigos? E depois receberíamos as ofertas com um dissimulado e extasiado "Ah, não estava à espera! Que supresa! A-do-rei!"? Se queres alguma coisa, não a peças. Se a pedes, não a receberás. O meio para nada conseguires é pedires. Quanto mais peço, menos tenho. Mas também quando nada peço, nada tenho. Bolas! :) (Nota: não fazer o mesmo em relação a Deus - "Pedi e recebereis").

    Natal é Família! Adoro os almoços de Natal e Ano Novo. Adoro a música de Natal. Adoro a época. Não é preciso ter sorte para se ter um Bom Natal. Basta estarmos atentos ao significado do dia 25 de Dezembro e permitirmo-nos ser felizes nesse e em cada dia.

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  2. Tenho saudades do tempo em que o Natal era vivido com mais respeito pelo direito de todos a essa festa. Quando as lojas fechavam às 13h, dando oportunidade a que todos preparassem devidamente a sua ceia.
    Para mim, Natal é respeito, pensar no outro, mesmo que recebamos uma treta que acaba no fundo da cómoda ou para rifar na quermesse das festas, sabemos que a pessoa pensou em nós quando comprou, ou achou aquilo em casa e nos resolveu dar aquele objecto.
    Temos de ver algo positivo em tudo, mas antigamente eu só via os presentes na manhã do dia 25, hoje os miúdos ficam acordados até tarde e más horas à espera das prendas. Os tempos mudam!
    Oscula

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