domingo, 27 de maio de 2007

O vinho dos amantes

No espaço esplêndido de agora
Sem freio nem esporas
Montemos à rédea solta o daimon do vinho
Para um céu feérico e divino
Como dois anjos torturados
Por um implacável delírio em fúria
Corramos atrás da miragem do destino
Baloiçando docemente sobre a asa
Do turbilhão inteligente
Num delírio partilhado
Irmão e irmã nadando lado a lado
Fugiremos sem pausa nem repouso
Para o sonhado paraíso que nos chama.

BAUDELAIRE, Charles. As Flores do Mal, tradução de Maria Gabriela Llansol, posfácio de Paul Valéry, Lisboa, Relógio D'Água, 2003; p. 249.


Broken Glass with Wine
Mark Meyer
2001





3 comentários:

  1. "Traz água e traz vinho, ó rapaz! Traz-me também coroas de flores. Vai buscá-las: quero andar ao murro com o Amor."

    Anacreonte (fr. 396 PMG)

    in Poesia Grega de Álcman a Teócrito, tradução de Frederico Lourenço, Lisboa, Cotovia, 2006.

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  2. Fantástico! Esse é mais um livro que quero ler...

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  3. Ainda não o li... mas, ao ler o poema de Baudelaire que colocaste no teu post, lembrei-me automaticamente da temática do vinho na poesia de Anacreonte (e outra coisa não seria de esperar para uma classicista). Peguei então na "Poesia Grega", que se encontra junto de outros livros que por mim esperam ser folheados e apreciados, procurei e transcrevi esse poema de Anacreonte, intitulado "Esmurrar o amor". (Grande Fred!)

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