Depois da tempestade
"(...) E, olhando para o impermeável de Albertine, em que parecia transformar-se noutra pessoa, na infatigável vagabunda dos dias pluviosos, e que, colado, flexível e cinzento naquele momento, parecia menos existir para lhe proteger a roupa da água do que ter-se molhado nela e pegado ao corpo da minha amiga, como que para tomar o molde das suas formas para um escultor, arranquei aquela túnica que desposava ciosamente um peito desejado e, puxando Albertine para mim, disse: «Mas não queres tu, indolente viageira, sonhar sobre o meu ombro, nele poisando a tua fronte?» E segurei-lhe a cabeça com as mãos mostrando-lhe as grandes pradarias inundadas e mudas que, na tarde a declinar, se estendiam até ao horizonte cerrado sobre as correntes paralelas de valados distantes e azulados."
PROUST, Marcel - Em busca do tempo perdido, volume IV - Sodoma e Gomorra. Pedro Tamen, trad. Lisboa: Relógio D' Água, 2003. 271 p. ISBN 972-708-756-6
Mais um presente proustiano da nossa amiga, Hera! De facto, a escrita dele (de Proust) encanta-me. Lindo excerto! E bonita fotografia... Hoje as pessoas já nem se abraçam... usam-se! Somos únicos, com um coração, uma alma. Nada há mais valioso neste mundo do que cada um de nós. Amemos. Abracemo-nos.
ResponderEliminar...por mim, sou viciada em abraços!
ResponderEliminarUm bom fim de semana a todos!!
E um abraço, já agora!
O abraço é algo muito poderoso, é uma forma pura de comunhão. Quando preciso de forças, busco o abraço apertado daqueles que amo, esse pequeno gesto faz com que se una aquilo que em mim se estava a desintegrar. Quando estou muito feliz, abraço para deixar passar a corrente eléctrica que atravessa o meu corpo.
ResponderEliminarSem dúvida que o abraço ou o toque, são poderosos na sua simplicidade.
Oscula