sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

Forte querer

Atendendo ao comentário do nosso Narcisus ao post A Ilustre Casa de Ramires, aqui vos apresento um belo e poderoso excerto da obra, digno de uma reflexão interior em cada um de nós…

Enquanto ele se encolhia no seu paletó, deputado por Vila Clara, e no triunfo dessa miséria. – Pensadores completavam a explicação do Universo; Artistas realizavam obras de beleza eterna; Reformadores aperfeiçoavam a harmonia social; Santos melhoravam santamente as almas; Fisiologistas diminuíam o velho sofrer humano; Inventores alargavam a riqueza das raças; Aventureiros magníficos arrancavam mundos de sua esterilidade e mudez… Ah! esses eram os verdadeiramente homens, os que viviam deliciosas plenitudes de vida, modelando com as suas mãos incansadas formas sempre mais belas ou mais justas da humanidade. Quem fora como eles, que são os sobre-humanos! E tal acção tão suprema requeria o Génio, o dom que, como a antiga chama, desce de Deus sobre um eleito? Não! Apenas o claro entendimento das realidades humanas – e depois o forte querer.

(o negrito é meu)


in QUEIRÓS, Eça de, A Ilustre Casa de Ramires, Cap. XI


Para finalizar, quero remeter-vos para o fragmento seleccionado pela Medeia, desta mesma obra, e que se encontra nos comentários ao post A Ilustre Casa de Ramires.

Oscula.
Clio

1 comentário:

  1. Oh, muito bom!!!!
    Fascina-me esta escrita do nosso Eça. Obrigada Clio por me relembrares este excerto...
    O pedaço de texto que escolhi é só um trampolim para uma leitura. Seria bom ter transcrito todo o sonho, mas não tive tempo.
    Muitos beijinhos para ti,
    Medeia

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